"THE SHAPE OF NOTHING TO COME"
Assim se intitula o próximo álbum dos "The Parkinsons", com um título fatalista e com uma carga e uma narrativa de sufoco, ansiedade e frustração que já são o cunho da banda.
Mais um conjunto de canções levadas e vividas ao limite. Mais límpido, mais cru, mas não perdendo a contaminação e a veia sonora dos álbuns anteriores. Mais rebuscado no processo conceptual e estético mas nunca perdendo o fio condutor e a energia inerente à banda. Reforça o diálogo do não virtuosismo e do não conformismo.
A visão do quotidiano, a crítica à vida moderna, o amor à cidade, os sonhos perdidos e recuperados, os sinais de esperança num presente negro nas suas políticas e liberdades continua a ser o palco de luta da banda. A metáfora continua a ser a expressão linguística preferida. Palavras mais limadas para um disco mais equilibrado (como se de um best of da banda se tratasse).
Os rótulos não contam na sua construção, as músicas foram escolhidas e amadas para terem novas cores, novos ruídos sonoros. As leis, a desordem, as lutas da banda, as visões de choque no desenvolvimento estético do álbum, tornam "The Shape of Nothing to Come" no álbum mais urgente dos próximos tempos. Com o elo duro da banda Afonso Pinto, Victor Torpedo e Pedro Chau em constante irreverência, luta, divergências e por vezes rutura na concepção musical, nasce assim o novo álbum.
Um álbum que é isso mesmo, um álbum que soa a isso mesmo, a luta, a conflito que acaba por se fundir numa narrativa não expectável em que os novos recrutas João Silva (teclas) e Ricardo Brito (bateria) se moldaram e ajudaram a criar a nova moldura sonora da banda.
Gravado em casa (Coimbra) nos Estúdios Blue House, pelos já companheiros de guerra (João Rui e João Silva - a Jigsaw), este é o álbum. O álbum que urge, o álbum que treme antes de nascer, ou que se calhar vai morrer antes de viver. Mas é assim que o queremos, foi assim que o fizémos.
Fizemo-lo com tudo e por tudo, e lutámos por nada e por tudo. Como se fosse o primeiro e o último da banda. Mas desta vez, o tempo, o amor e o ódio é todo para "The Shape of Nothing to Come".
1. See no evil
2. Tricks
3. Numb
4. Overweight
5. Do you know
6. Metal cranes
7. Heavy metal
8. Alone in my car
9. Bad wolf
10. Burning down
11. Sexy jesus
12. Game for good